Os principais desperdícios na construção civil


Desperdícios são vistos geralmente por gestores, como geração de resíduos no canteiro de obras, negligenciando outros tipos de desperdícios, que na maioria dos casos, são desperdícios ocultos, e são esses os principais ocasionadores de baixa produtividade e aumento de custos. 
Em uma gestão tradicional, as atividades de uma obra são focadas somente em atividades de conversão, ou seja, para executar uma parede de alvenaria, preciso basicamente de insumos, mão de obra e equipamentos. Retrabalhos ou resíduos são considerados desperdícios nessa atividade. No entanto, na gestão Lean, para executar uma determinada atividade, como no caso alvenaria, é necessário identificar outras atividades. Essas atividades, são consideradas atividades de fluxo, como transporte, movimentação, estoque e espera. Em mapeado de fluxo valor é possível identificar todos os fluxos, sendo esse um dos principais passos para encontrar os desperdícios e atividades que não agrega valor ao processo produtivo.

Essas atividades que não agregam valor, chega a representar 70% do tempo gasto pelos trabalhadores da construção civil em transporte, movimentação, espera e retrabalho.
Todas essas atividades que não agregam valor podem ser facilmente observadas nos sete principais desperdícios da construção civil.

1. Produção em excesso

É quando a empresa produz mais do que precisa para atender o cliente. Cada etapa deve produzir exatamente, nem mais nem menos, o que pede ou exige o processo seguinte, de forma que a cadeia de valor atenda à demanda real. Trata-se da “mãe” de todos os desperdícios, pois acaba agravando todos os demais. Produzir em quantidade ou ritmo maior do que o necessário utiliza recursos desnecessariamente, gera estoques, deslocamentos etc., consumindo capacidade que deveria ser utilizada para fazer o que o cliente deseja.

2. Espera

O ideal do sistema lean é que todos os processos ocorram em fluxo contínuo, entregando rapidamente para o cliente, sem interrupção. Esse desperdício ocorre quando alguém ou algum equipamento que deveria estar produzindo não está fazendo nada. Pessoas paradas, máquinas paradas... uma grande ineficiência. Observe atentamente em qualquer local de trabalho. É fácil ver pessoas esperando materiais, informações etc. Isso acontece de forma bem mais frequente do que parece. 

3. Processamento desnecessário

É quando fazemos, para se produzir algo, ações que não precisariam ser feitas. Que mesmo que fossem eliminadas, não fariam a menor falta. Por exemplo, pessoas conferindo coisas que já foram conferidas anteriormente. Ou processos que faziam sentido em determinadas situações, mas foram mantidos, mesmo tendo sido mudadas as condições. Por exemplo, tratamentos estéticos em partes que não são visíveis, proteções que eram necessárias quando as peças aguardavam muito mais tempo em estoque, furações para acessórios que não são mais utilizados etc.

4. Estoque

Materias são feitos para serem consumidos. Se o que é produzido não é consumido – seja pelo consumidor final, seja pelo processo seguinte numa cadeia produtiva – temos estoques, um dos principais indicadores de um sistema com problemas. O custo financeiro de capital parado e não vendido é o desperdício mais evidente. 

5. Transporte

Quem atua com logística sabe o trabalho e o custo que se tem para movimentar materiais numa organização – seja interna ou externamente. Então, é um grande desperdício fazer qualquer tipo de transporte que poderia ser evitado. É quando, por exemplo, há movimentos de matérias-primas dentro de um canteiro sem necessidade, frutos de fluxos truncados, estoques intermediários e distantes da produção, e esquemas de abastecimento ineficientes.

6. Movimentação

De forma similar, movimentos de pessoas sem necessidade também são desperdícios: consomem tempo que não está sendo usado para produzir, para criar valor. O ideal é que todo o movimento de um trabalhador seja usado para produzir, para criar valor. Por exemplo, ficar procurando uma ferramenta dentro de uma obra é perda de tempo. Ou estações de trabalho distantes, decorrentes de layouts que comportam enormes estoques entre operações, e que exigem que as pessoas deem muitos passos desnecessários, várias vezes, chegando a andar quilômetros num dia.

7. Correção

O ideal, num processo produtivo, é produzir certo “da primeira vez”. Pois assim, é claro, não será preciso produzir de novo. O sétimo desperdício identificado é um dos que mais ocorrem nas organizações tradicionais: gastar tempo, gente e recursos para refazer, corrigir ou retrabalhar o que foi feito de forma errada. Isso envolve uma série de desperdícios típicos de processos produtivos cheios de falhas: necessidades de inspeções, resíduos e etc.

Agora você imagina, o mercado da indústria da produção, tratar seus processos produtivos, como tratamos na construção. Fatalmente a indústria da produção teria elevados desperdícios. Precisamos estabelecer novas culturas gerenciais em nossos processos, começar a ter uma visão no que agrega valor nos processos, e quebrar o paradigma que na construção civil gerar desperdício é mais do que normal.

Estamos fadados a cada vez mais perder competividade em nosso mercado, por tratar o ambiente da construção como amadorismo, e ter em muitos casos, a cultura de profissionais “ tocadores de obras”.

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